O site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU) informa, via twitter - @_ihu - uma interessante análise de Umair Haque, diretor do Havas Media Lab e fundador da Bubblegeneration, uma agência de consultoria para estratégia e inovação.
O artigo, traduzido por Moisés Sbardelotto, foi publicado em seu blog na página da revista Harvard Business Review, a 23 de março do corrente.
Refere-se à "inflação de relacionamentos", ou seja, quando "você tem muito mais relacionamentos – mas, na realidade, poucos, se é que há, são realmente valiosos. Assim como a inflação da moeda deprecia o dinheiro, a inflação social degrada os relacionamentos."
A hipótese que Umair Haque propõe é que, apesar de toda a empolgação em torno das mídias sociais, a Internet não está nos conectando tanto quanto nós pensamos que ela esteja.
"Ela é, em grande parte, o lar para conexões fracas e artificiais, o que eu chamo de relacionamentos tênues [thin relationships]."
Isso afeta, sob esta perspectiva, a confiança - cresce o número de relacionamentos, mas não sua qualidade -, a exclusão social, a noção de valor e assim sucessivamente.
Para quem já leu Andrew Keen, ou, antes dele, Jean Baudrillard, o ponto de vista não é dos mais originais, mas traz consigo uma questão de fundo aos meus olhos interessante.
Ou seja, a reconfiguração de um determinado modelo de sociedade por meio da realocação do papel que a tecnologia exerce nela quando deixa de se estabelecer como suporte à atividade humana e se posiciona como ambiente desta, sem a qual a vida social ficaria bem (mais) complicada.
Penso que Umair Haque não está equivocado em sua análise: o mundo está se fragmentando; os valores a partir dos quais nos estabelecemos socialmente servem cada vez menos neste cenário de tantas e tão rápidas mudanças em que nos encontramos.
O problema é que o horizonte que se avizinha exige novas gramáticas explicativas, sem as quais seguiremos eternamente presos ao passado, como se nada mais houvesse pela frente.
25 de jul. de 2010
Quando pouco parece muito
Postado por
Demétrio de Azeredo Soster
às
08:03
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