7 de mar. de 2010

Sobre algumas das mudanças em curso

Que o jornalismo está mudando, particularmente a partir do momento em que os primeiros jornais migraram para a web, em 1995, aqui no Brasil, não chega a ser uma novidade.

As mudanças se manifestam, grosso modo, de duas formas:

a) por meio do surgimento de novos dispositivos, caso dos sites, blogs e microblogs;

b) mas também pela reconfiguração dos tradicionais jornais e revistas impressos, rádios e televisões.

Some-se a esses o cinema e os livros no que eles têm de jornalístico e se verá, então, que o palco das mudanças é largo.

A internet exerce um papel central nessa mudança, à medida que seus nós e conexões, ao permitir, entre outros, mais vazão aos fluxos informativos entre os dispositivos (sempre existiram, mas agora estão mais rápidos, mais fluentes), dá forma ao sistema que chamo de midiático-comunicacional, formado pelos novos e "velhos" dispositivos.

Se, de um lado, as tais reconfigurações implicam, inclusive, perdas de leitores/audiência (há mais fatias no bolo, com o perdão da má figura), também provocam reações as mais diversas, todas elas interessantes.

Duas delas, envolvendo dois dos maiores jornais do país - a Folha (de quem já falamos aqui) e o Estado e de S. Paulo - estão em processo.

Tanto o da Folha, anunciado a 28 de fevereiro e previsto para maio, quanto o do Estado, que veio a público hoje e deve estrear domingo, 14, prometem páginas mais interessantes (novas fontes, valorização de imagens, mais análise etc.) e, no caso de O Estado, mudanças também no portal, em uma perspectiva convergente.

Observe-se que, em comum, as mudança acabam por aproximar ainda mais, em termos processuais, o que é da ordem dos átomos e dos dígitos.

Para quê?

Claro que para tentar evitar as sucessivas quedas em termos de circulação (hoje, na casa dos 300 mil para os dois jornais), mas também para equalizar estes dispositivos na lógica de funcionamento do sistema midiático-comunicacional.

Traduzindo para o português: no cenário descrito, sobreviverá, uma vez mais, os dispositos que melhor se adaptarem à lógica operacional do sistema em que se inserem.

E isso, sabemos; este adaptar-se, nem sempre é fácil.

Sobretudo, exige capacidade de transforção.

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