20 de fev. de 2010

A arte de editar revistas

Se há coisa que me deixa muito p. da vida é saber que todos os dias, semana após semana, mês após mês, ano após ano, centenas de milhares de (boas) páginas de jornalismo deixam de ser escritas/registradas simplesmente porque nós, jornalistas, pesquisadores e professores simplesmente não estamos nem aí.

Com isso, e antecipando que conheço, antes por velho que por diabo, as dificuldades do mercado editorial brasileiro, um cabedal precioso de conhecimentos; fundamental à consolidação do campo do jornalismo, fica relegado à memória, sendo transmitido, quando muito, em relatos orais em embriagadas mesas de bar ou sonolentas salas de aula, com o perdão dos adjetivos e da sentença.

Lembra o sujeito aquele que foi linotipista do Correio do povo por 30 anos? Recorda as histórias que ele contava? Pois é, morreu. Com ele, morreram os relatos de um tempo que, sabemos, não volta mais, sobre o qual não derramamos uma gota sequer de suor.


Digo isso porque comemorei - MUITO - a chegada, esta semana, do livro A arte de editar revistas (Companhia Editora Nacional, 2009), de Fátima Ali, mais de 30 anos de experiência em jornalismo de revista, com títulos em seu currículo como diretora de Nova, Nova Escola, Estilo, MTV Brasil e vice-presidente do Grupo Abril.

Um lançamento na linha de Edição e Design, de Jan White.

Ou seja, repleto de um conhecimento burilado ao longo de décadas de jornalismo; que serve tanto para quem faz, pesquisa ou ensina jornalismo de revista, diagramação, design, edição etc.

O mais importante, no entanto, é que o livro, capítulo a capítulo, bate, sem maiores pudores, em uma tecla fundamental, mas nem sempre lembrada: não existe jornalismo sem consumo de jornalismo, com o perdão da redundância.

Consumo que se materializa, nesse caso, principalmente na relação leitor/veículo e suas complexificações.

Por esse viés, Ali frisa o tempo inteiro que devemos construir capas; títulos e formas focados nos leitores, e não apenas em nossos umbigos. O mesmo vale para os textos, fotografias, ilustrações e por aí afora.

E isso nem sempre é fácil, ou difícil; sobretudo, é possível.

Leiam o livro. Vale a pena.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tu tens este livro, professor? Poderia me emprestar, né. Já ouvi muito falar dele. Abs!

Lua Rodrigues disse...

E a disciplina de Jornalismo de Revista foi cancelada, né?? Grrrr. Que saco! Tem que ter no semestre que vem! É meu último. Abraço.