O caderno Mais! da Folha de São Paulo deste domingo publicou entrevista com Jesús Martin-Barbero, aos meus olhos diretamente relacionada ao momento envolutivo em que nos encontramos.
Se lermos o texto, intitulado Comunidades Falsificadas, na ótica proposta pelo repórter Renato Essenfelder, avalizada pelo filósofo espanhol, acharemos que seu objetivo é apenas criticar a "(...) utopia de democracia direta e igualdade total na internet (...)". Basicamente porque ela "(...) é mentirosa e ameaça minar as práticas de representação e participação políticas reais", como sugere a linha de apoio.
A matéria, que se refere, em um primeiro momento, às redes sociais, caso do Facebook, e depois à internet de forma mais ampla, também tem isso, mas não apenas.
Penso que o que está posto na fala de Barbero é uma reflexão em relação à reconfiguração da sociedade a partir do momento em que a tecnologia cada vez mais se distancia de sua condição de apêndice às ações do homem e passa a compor, em simbiose com este, um cenário específico, o que gera complexidades as mais diversas. "Creio que vamos para uma mudança muito profunda, porque o que entra em crise é o papel de organização da temporalidade", diz Barbero lá pelas tantas. É preciso, portanto, olhares atentos: "Há muitas coisas a repensar radicalmente".
Destaquei a estrevista porque este tema vem ao encontro do livro que eu e o colega Fermando Firmino estamos organizando, intitulado Metamorfoses jornalísticas 2: a reconfiguração da forma (Edunisc, 2009), previsto para o final do ano e cuja capa está aí embaixo. Ainda que, no livro, falemos de jornalismo, os temas convergem à medida que o que está posto a título de discussão é, como disse, a reconfiguração da sociedade a partir de um momento evolutivo específico. Nem melhor, nem pior; diferentes, e, como tal, passível de análise.
Quem assina a FSP pode ler a entrevista com Barbero na íntegra por aqui. Para quem não assina, disponibilizei uma cópia em PDF. Por aqui.
24 de ago. de 2009
Comunidades falsificadas ou reconfiguradas?
Postado por
Demétrio de Azeredo Soster
às
09:33
Marcadores:
comunidades sociais,
internet,
Jesús Martin-Barbero,
reconfigurações jornalísticas
Assinar:
Postar comentários (Atom)
1 comentários:
A comunidade virtual se difere quanto da real, posto que até mesmo os artifícios – sejam eles saudáveis ou não – de divertimento ou simples lazer encontram a sua convergência a mesma forma e intensidade em ambos os casos?
Postar um comentário