24 de ago. de 2009

Comunidades falsificadas ou reconfiguradas?

O caderno Mais! da Folha de São Paulo deste domingo publicou entrevista com Jesús Martin-Barbero, aos meus olhos diretamente relacionada ao momento envolutivo em que nos encontramos.

Se lermos o texto, intitulado Comunidades Falsificadas, na ótica proposta pelo repórter Renato Essenfelder, avalizada pelo filósofo espanhol, acharemos que seu objetivo é apenas criticar a "(...) utopia de democracia direta e igualdade total na internet (...)". Basicamente porque ela "(...) é mentirosa e ameaça minar as práticas de representação e participação políticas reais", como sugere a linha de apoio.

A matéria, que se refere, em um primeiro momento, às redes sociais, caso do Facebook, e depois à internet de forma mais ampla, também tem isso, mas não apenas.

Penso que o que está posto na fala de Barbero é uma reflexão em relação à reconfiguração da sociedade a partir do momento em que a tecnologia cada vez mais se distancia de sua condição de apêndice às ações do homem e passa a compor, em simbiose com este, um cenário específico, o que gera complexidades as mais diversas. "Creio que vamos para uma mudança muito profunda, porque o que entra em crise é o papel de organização da temporalidade", diz Barbero lá pelas tantas. É preciso, portanto, olhares atentos: "Há muitas coisas a repensar radicalmente".

Destaquei a estrevista porque este tema vem ao encontro do livro que eu e o colega Fermando Firmino estamos organizando, intitulado Metamorfoses jornalísticas 2: a reconfiguração da forma (Edunisc, 2009), previsto para o final do ano e cuja capa está aí embaixo. Ainda que, no livro, falemos de jornalismo, os temas convergem à medida que o que está posto a título de discussão é, como disse, a reconfiguração da sociedade a partir de um momento evolutivo específico. Nem melhor, nem pior; diferentes, e, como tal, passível de análise.

Quem assina a FSP pode ler a entrevista com Barbero na íntegra por aqui. Para quem não assina, disponibilizei uma cópia em PDF. Por aqui.

1 comentários:

Guilherme Póvoas disse...

A comunidade virtual se difere quanto da real, posto que até mesmo os artifícios – sejam eles saudáveis ou não – de divertimento ou simples lazer encontram a sua convergência a mesma forma e intensidade em ambos os casos?