1 de mai. de 2009

Apropriação ou co-referencialidade jornalística?

Recebo em minha caixa de correspondência uma newsletter do Comunique-se com uma informação interessante: "Veja copia partes de matéria do Wall Street Journal sem citar fonte". Segundo a matéria, a "reportagem de capa da edição de 22/04 da revista Veja traz uma matéria coordenada muito parecida com um artigo, publicado quase um mês antes, pelo jornal americano The Wall Street Journal (WSJ). Tanto a estrutura como trechos do texto são idênticos. Questionada pelo Comunique-se, a repórter Gabriela Carelli negou a ocorrência de plágio".

Mais que uma apropriação indevida, quer me parecer que estejamos diante de uma das características do jornalismo midiatizado, neste caso a co-referencialidade. Trata-se, a co-referencialidade, do movimento por meio do qual os dispositivos jornalísticos (jornais, revistas, rádios etc.) referenciam-se mutuamente em suas operações, ainda que, neste caso, sem a citação da fonte.

A co-referencialidade ocorre no interior do sistema midiático-comunicacional porque os dispositivos jornalísticos que compõem este estão amalgamados em rede, por meio dos nós e conexões da web, o que empresta contorno ao sistema em que se inserem e intensifica o diálogo entre eles. A perspectiva é auto-referencial, porque diz respeito às operações que ocorrem no interior do próprio sistema onde estes dispositivos se encontram.

Equivale a dizer que a midiatização, ou a instauração de uma nova ambiência a partir de uma profunda imersão tecnológica da sociedade, afeta, também, os dispositivos responsáveis por sua existência e suas operações, neste caso os de natureza jornalística.

3 comentários:

Veridiana disse...

Dê! Se tu consideras esse caso da Veja, um exemplo de co-referencialidade jornalística, então, podemos dizer que os plágios, de forma geral, também são co-referencialidades, embora escorreguem do ponto de vista ético? O fenômeno da midiatização não pré-supõe referencialidades explícitas? Diz aí tu que estudou isso!

Demétrio de Azeredo Soster disse...

Veri, querida, a co-referencialidade se refere ao diálogo entre mídias, tendo a internet como, digamos, fio condutor do processo. Ou seja, quando o conteúdo de uma é feito a partir do conteúdo de outra, estando as duas imersas no mesmo sistema, neste caso o midiático. Evidentemente que, no caso citado, e você observa bem isso, há uma apropriação indevida. O que sugere que também isso, a idéia de propriedade, se complexifique neste cenário, o que exige novas perspectivas analíticas com certeza. Mas esta é outra discussão. Respondendo objetivamente, a midiatização não pré-supõe referencialidade explicita para se estabelecer. A referencialidade, ou o reconhecimento do autor original, parace-me, é uma discussão de outra ordem.

Anônimo disse...

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