7 de jan. de 2010

Sobre estátuas, santos e homenagens

Não entendo porque Santa Cruz do Sul, a cidade pra lá de bacana onde moro com minha família, tenha de ganhar uma estátua de São João Batista com 38 metros de altura. É mais ou menos a altura do Cristo Redentor, no Rio.

Sou contra por pelo menos quatro motivos, a saber:

Em primeiro lugar porque, mesmo em ele sendo o padroeiro da cidade, o Estado brasileiro (sentido de poder público) é laico, ou seja, não tem religião oficial.

Também significa, por outras palavras, que todos os que vivem sob as leis brasileiras são livres para acreditar/venerar quem e o quer que seja.

Neste sentido, aos meus olhos soa desrespeitosa esta, digamos assim, exacerbação de determinado ponto de vista, a revelia do credo que represente.

Por o estado brasileiro não ter religião, e eis o segundo motivo de meu descontentamento, não vejo, como cidadão deste município, motivo algum para se gastar dinheiro público com uma estátua de santo, independente da religião que ele represente.

Se isso; se essa "homenagem" tiver de ser feita, que o seja com dinheiro da própria igreja que representa o santo, ou, ainda, privado, mas não por meio de verba pública.

Por outro lado, se é para se investir no Turismo em Santa Cruz do Sul, a partir de rubrica federal existente especialmente para este propósito, como tem sido alegado, que isso seja feito efetivamente no desenvolvimento deste setor tão vital para nossa comunidade.

Placas que digam aos turistas que aqui chegam como se locomover pela cidade e o que encontrar nela já ajudam, e saem bem mais em conta.

Acho, por fim, e eis o quarto motivo, de muito mau gosto obras desta natureza e proporção, basicamente porque chamam atenção mais pelo que têm de exótico que por seus méritos estéticos-conceituais. São feias, enfim.

É minha opinião, é meu ponto de vista.

E não adianta: não tecerei um comentário sequer sobre o fato de o tal santo ser bem parecido com o deputado federal Sérgio Moraes (PTB), marido da prefeita Kelly Moraes (PTB), que quer construir a tal estátua.

Muito menos sobre o local onde a estátua será/ia construída: Cerro Alegre, onde o referido deputado passou a infância.

4 comentários:

Misael B. Silveira disse...

Lamentável.

Deve ser uma verba bastante 'gorda' para erguer um monumento a tal altura.

Na resposta que eu lí, na seção Opinião, de terça-feira, da Gazeta do Sul, a prefeitura afirmou que se não aplicasse a verba teria que devolve-la à União.

Acho improvável que não haja nada na cidade que não precise de investimentos públicos para melhorias, no setor de turismo, a ponto de terem que construir um 'santo' para gastarem a verba. E verba mal gasta, por sinal. Que devolvam ao Governo Federal, já que não tem onde investir.

Lamentável.

Lua Rodrigues disse...

O Demétrio é da oposição.. O santo é tão bonitinho, hahaha! Brincadeira!
Isso é coisa de gente que quer aparecer! Só pra deixar uma marca na cidade, a exemplo da cruz que foi feita pelo Hermany.

Demétrio de Azeredo Soster disse...

É verdade, minha amiga. Aliás, a tal cruz, igualmente feia, é uma prova cabal que excentricidades como essas têm muito pouco a dizer.

Luana Backes disse...

Concordo com tudo o que foi dito. Querer aparecer e ainda por cima com dinheiro público é demais, mas como os envolvidos em questão não ligam muito para opinião pública, creio que vem um santo por aí.
Se bem me recordo, há algum tempo atrás algumas pessoas sofreram um pequeno acidente na Gruta dos Índios. É, acho que uma ponte ou passarela de madeira estava podre. Sem falar no teleférico, que tanto me alegrou na infância. Mas, como não se tem mais nada a investir (em turismo) na cidade, o santo é realmente a única opção!