8 de dez. de 2011

Diário de um correspondente internacional

Guerras e tormentas: diário de um correspondente internacional (Besourobox, 2011) é leitura necessária principalmente para quem leciona/pesquisa/estuda jornalismo especializado, e, nele, jornalismo internacional, mas, também, para técnicas de reportagem.

Para quem se interessa por jornalismo, enfim.


O que temos aqui, como o nome e a linha de apoio sugerem, são relatos de natureza interpretativa das coberturas que o repórter de Zero Hora Rodrigo Lopes tem realizado ao longo de sua carreira, seja no Vietnã de 2004; na Beirute de 2006, ou ao grande terremoto do Haiti em 2010, para ficarmos em três.

Ou seja, narrativas em que se observa, de um lado, a preocupação de registrar o que é ser repórter em situações muitas vezes adversas, outras vezes nem tanto, mas, também, de contextualizar, explicar, o momento em que se está inserido.

Por este viés, o outrora tenso Vietnan, e, nele, cidades como Ho Chi Minh - antiga capital do Vietnã do Sul -, emergem não como palco de disputas sangrentas, mas como locais onde convivem, de um lado, regimes fechados, enquanto que, de outro, uma preferência explícita por cartões Visa e refrigerantes Pepsi.

A guerra em Beirute, por sua vez, "tem cheiro, cor e gosto". Ali, bem diferente do cenário vietnamita, Rodrigo Lopes não é um convidado, e só é bem recebido quando sua presença interessa a um dos lados, neste caso Israel em sua propaganda de guerra.

No Líbano a situação é bem diferente, em especial para quem, como ele, vem de Israel: a guerra era entre os dois países, e cruzar fronteiras expunha repórteres a todos os riscos, em especial o de ser confundido com o inimigo.

Do Haiti, por fim, apreende-se, com o relato de Rodrigo Lopes, que, mesmo sendo escoltado por soldados da ONU convenientemente armados, o risco não deixa de existir. E este risco não é apenas físico: é moral também, à medida que, a maior parte do tempo, o jornalista tem de conviver com seres humanos literamente imersos na miséria. Não dez ou doze pessoa, mas um país inteiro.

São apenas exemplos do que achei.

Trata-se, sobretudo, de um livro importante, enfim, como disse, porque, nele, Rodrigo Lopes faz o que poucos de nós fizemos/fazemos quando nas redações: escrever sobre nossas experiências, registrar conhecimentos, permitir que se aprenda com o que apreendemos acertando e errando.

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