26 de set. de 2007

O jornalismo acabou?

Reproduzo na íntegra, por importante, texto de Alfredo Vizeu, veiculado inicialmente no Observatório de Imprensa:
"O jornalismo acabou? Agora somos todos jornalistas? Perguntas como essas são feitas em todos os recantos do país diariamente a jornalistas, professores e pesquisadores do campo jornalístico. Com certeza, as novas tecnologias e a internet vêm determinando uma série de mudanças na sociedade contemporânea. Novas formas de comunicação e expressão são criadas. As perspectivas são ilimitadas, infinitas. No entanto, não podemos confundir essas novas formas de expressão que se constituem através de comunidades virtuais e blogs, entre outros, com jornalismo. São, basicamente, novas formas de expressão.
Já o jornalismo é uma forma de conhecimento crítico que tem como preocupação interpretar a realidade social. É resultado de uma atividade profissional de mediação vinculada a uma organização que se dedica basicamente a interpretar a realidade social e mediar os que fazem parte do espetáculo mundano e o público. O campo jornalístico não só transmite, mas prepara e apresenta uma realidade dentro das normas e das regras do campo, contribuindo dessa forma para a percepção do mundo da vida.
Como bem observa o intelectual francês Dominique Wolton, quanto mais há informação, comentários e opiniões, mais indispensável é a função do jornalista, do campo do jornalismo, como mediador para selecionar, organizar e hierarquizar a informação. O que é colocado hoje é que, diante das novas tecnologias, temos pela frente novos desafios sobre os modos de fazer jornalismo. Se as fronteiras entre o campo jornalístico e outras formas de expressão e comunicação se estreitam, isso exige uma reflexão crítica e profunda sobre o jornalismo hoje.
Os novos desafios
Fico impressionado quando vejo algumas pessoas defenderem que hoje todos somos jornalistas. De um lado, é reduzir as mais diversas formas de expressão e comunicação dos agentes sociais na atualidade ao campo jornalístico. Por outro, é não ter a compreensão da importância do jornalismo como um "lugar" de interpretação da realidade social a exigir cada vez mais profissionais com formação de nível superior e qualificados para exercerem essa atividade central na contemporaneidade.
Dentro desse contexto, recomendo a leitura do livro "
Metamorfoses jornalísticas – formas, processos e sistemas", organizado por Ângela Felippi, Demétrio de Azeredo Soster e Fabiana Piccinin (197 pp, Editora da Universidade de Santa Cruz do Sul, RS, 2007), que traz uma importante contribuição para a discussão e a reflexão sobre o jornalismo hoje. De uma leitura agradável, o livro apresenta um trabalho forte e consistente de jornalistas, professores e pesquisadores que estão preocupados em buscar pistas para compreender os novos desafios colocados pelo jornalismo no mundo moderno".

2 comentários:

TACHO disse...

O jornalismo não acabou. Ele está no intervalo comercial

Guilherme Póvoas disse...

Intervalo comercial de um hiato a longo prazo.
www.guilhermepovoas.blig.ig.com.br